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Eu e o mundo

As minhas impressões, opiniões e outras coisas acabadas em ões sobre o mundo, pelo menos o mais próximo de mim.

Eu e o mundo

As minhas impressões, opiniões e outras coisas acabadas em ões sobre o mundo, pelo menos o mais próximo de mim.

Monica Lewinsky ataca de novo

A ex-estagiária está de volta e ataca em força.

Monica Lewinsky vai escrever um livro, pelo qual vai receber qualquer coisa como 12 milhões de dólares, sobre o seu envolvimento com o ex-presidente americano, Bill Clinton.

Segundo consta na imprensa americana vai revelar algumas das taras sexuais de Clinton, como o facto de ele gostar de "ménage-a-trois" (qual o homem que não gosta?), de orgias e de brinquedos sexuais.

De uma singela mancha de sémen num simples vestido azul sai um cheque de 12 milhões de dólares.

Até para ajoelhar uma pessoa tem que ter jeito, é o que me ocorre assim de repente na minha veia mais brejeira.

Peço desculpa pelo deslize.

Mas é que de facto vejam como são as coisas:

A Monica era uma anónima que ninguém conhecia e que provavelmente nunca ninguém conheceria se não fosse o seu ajoelhar perante o presidente.

De repente a rapariga salta para o estrelato, ainda fica de vítima na história, embora e desculpem outro deslize, mas eu não acredito que alguém a tenha obrigado a ajoelhar...

Sai uma primeira biografia autorizada sobre a história do vestido, em 1999, Monica's Story, que por acaso li e sobre a qual ela deve ter recebido algum dinheiro seguramente.

Não sei, nem me interessa, o que realmente se passou ou não entre ambos.

Sei sim que não tenho grande respeito por pessoas que têm casos com pessoas famosas e usam isso para ganhar protagonismo e dinheiro.

Senão vejam:

A Carolina Salgado que começou por ouvir os desabafos conjugais do Pinto da Costa, acabou a viver com ele e quando se separaram, escreveu, não um, mas dois livros sobre o assunto.

E não contente em divulgar pormenores da sua relaão com o líder portista ainda revelou que ele tem problemas de flatulência e que lhe pedia para acender o cigarro sempre que lhe escapava o "ar".

Muito feio divulgar coisas que se passaram entre duas pessoas enquanto mantinham uma relação intima. Isto é como dizem os americanos: O que se passa em Vegas, fica em Vegas.

E outras com enfase especial para o meio futebolistico em que as meninas parecem adorar contar os podres dos jogadores.

Exemplo: Nereida/Ronaldo. O raio da espanhola (não tenho nada contra contra os nossos vizinhos) aproveita todos os pretextos para enxovalhar o rapaz. Havia necessidade? Claro que não. O problema é que ela deve-se roer toda cada vez que vê fotos dele com a Irina, que é mais gira, mais rica, famosa a sério, enquanto que ela coitadinha namora com um jogador de Alguidares de Cima e continua a aceitar tudo o que é show erótico porque ninguém a quis na moda nem noutro lado qualquer... enfim.

Voltando à Monica. O Clinton tem agora a bela idade de 66 anos e já casou a sua filhota Chelsea e qualquer dia vai ser avô. Ele pode ser o que for, mas tudo isto já se passou há um ror de tempo. Não me parece necessário, nem vejo motivo, bem na verdade vejo 12 milhões de motivos, para ela vir agora, estes anos todos depois enxovalhar a terceira idade do senhor.

Mas pronto, isto sou eu e ela é ela e doze milhões de dólares é muito dinheiro e todos temos que ir ao supermercado e pagar impostos...

Chego mas é à conclusão de que desperdicei os anos dourados da minha vida a namorar com as pessoas erradas. Devia ter investido em alguém conhecido, de preferência com dinheiro, claro, e se fosse casado melhor, e depois escrever um livrinho sobre as nossas intimidades e nesta altura estava mas era rica e não me chateava tanto com os impostos e a troika e essas coisas todas.

Mas o que acontece é que os meus relacionamentos foram sempre por amor e nunca por interesse, o que agora não sei se foi assim tão inteligente da minha parte, mas pronto agora não dá para voltar atrás.

Deixar partir os filhos...

Tenho duas filhas. Não vou dizer que as adoro mais do que a tudo no mundo porque isso é absolutamente óbvio. São minhas e como eu costumo dizer: Fui eu que fiz, fui eu que tive, fui eu que criei. São minhas e isso diz tudo.

Sou a típica mãe galinha: Já comeste? O quê? Está tudo bem? Estás com uma vozinha triste? Tens a certeza de que está tudo bem? Porque é que não me contas?

Uma chata, segundo os alvos das perguntas irritantes (são palavras delas) que eu faço tão frequentemente.

As minhas filhas sairam as duas de casa este ano, na semana passada e foram morar para Lisboa. como tantos miúdos da idade delas foram para a faculdade. Estou muito, mas muito orgulhosa delas.

Mas estou muito, muito, muito triste e sinto muito a falta delas.

Tentei desde muito cedo deixá-las crescer, sempre sairam com os amigos, foram de férias, festivais de verão, passagens de ano, enfim o normal para os dias de hoje.

E sempre as deixei ir com um sorriso nos lábios, um farnel mais ou menos aviado e muitos conselhos: portem-se bem, tenham cuidado com o alcóol, não façam nada que não me possam contar (elas podem contar-me basicamente tudo), não se esqueçam de comer...

O costume...

E elas voltaram sempre com um sorriso enorme, bronzeadas, felizes, cheias de saudades de casa, da mãe, de comida a sério, mãe, qualquer coisa muito consistente e em muita quantidade. Tão bom.

Por isso achei, ingenuamente, tão ingenuamente, que estava preparada para a saída delas de casa. Afinal estava habituada a deixá-las ir. Mas também estava habituada a que voltassem.

Na semana passada quando elas entraram no carro do pai do amigo que as levou na segunda feira de manhã para Lisboa quando entrei no prédio já estava a chorar. Tão piegas que até fiquei enervada comigo.

A sério?! Logo eu que sempre disse que não temos nem criamos os filhos para nós mas sim para o mundo?

Que as ajudei entusiasticamente a escolher as mobilias para o quarto e a transportar, montar, lavar, arrumar, etc?

Que me meti com as mães do amigos com quem elas moram: É normal, faz parte. Eles vão a casa todos os fins de semana.

Eu?!

Mas chorei. Tanto. Não conseguia conter as lágrimas e foi durante uma boa parte da manhã. De repente a casa ficou mesmo vazia. Só sobrámos eu e a gata. E o meu marido, mas ele nem sempre está. E tive um sensação de perda tão grande. Parece que as miúdas emigraram. Não emigraram claro, mas senti-me pela metade a semana toda. Ninguém com quem falar, ralhar, resmungar, rir, ver séries, filmes. Ninguém para quem cozinhar.

Elas voltaram na sexta feira, felizes e sorridentes e, adivinhem, com saudades da comida da mamã, de casa, da gata, de mim.

Mas ontem foram outra vez e hoje começou tudo de novo dentro de mim. Não é fácil. A sensação é que desta vez é a sério e que esta será cada vez menos a casa delas e cada vez mais a casa da mãe. Que serão cada vez menos minhas e mais do mundo. E por mais que eu achasse que estava preparada, adivinhem... não estava. Mesmo nada.

Lembro-me do medo do primeiro dia de aulas delas, do primeiro dia do ciclo, do secundário, dos exames, das primeiras férias com amigos, da primeira passagem de ano fora de casa, a primeira ida à discoteca, o primeiro jantar de aniversário com amigos, o primeiro festival... Os primeiros todos delas enquanto individuos mais ou menos independentes.

Mas também me lembro, e muito bem, d primeiro dia de vida delas, o primeiro olhar, o primeiro choro, o primeiro sorriso, o primeiro cocó na fralda, o primeiro banho, a primeira sopa, a primeira papa, o primeiro dente, o primeiro passo, a primeira palavra, a primeira música, o primeiro filme, o primeiro namorado, o primeiro conflito na escola.

Todos os primeiros da vida das minhas filhas gravados na minha memória, espero que para sempre.

E todos os primeiros que ainda viverão e que quero tanto continuar a viver com elas.

Mas para já está a doer como tudo. Parece que estou pela metade de mim. A outra metade? Algures em Lisboa, feliz junto da irmã, dos amigos, dos novos colegas, novos desafios.

Tão bom e ao mesmo tempo tão dificil.

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