Então acabei de ler que a ASAE admite propôr ao tribunal a entrega dos produtos apreendidos com carne de cavalo a instituições de solidariedade social, afirmando que os produtos estão bem armazenados e a sua qualidade assegurada.
Então vamos lá a ver se eu sou mesmo assim tão burra...
A carne foi apreendida porque tinha vestígios de carne de cavalo. E portanto os senhores com aqueles cérebros iluminados da ASAE decidiram que não podia ser comercializada, mas para os pobrezinhos já serve?
A sério? Para mim ou é própria ou não é própria. Ponto. Não existe essa coisa de ser própria para uns estômagos e imprópria para outros. Ou o estômago dos pobres é menos sensível do que os restantes?
Mais, no estado em que as coisas andam ainda existem estômagos não pobres em Portugal?
Isto faz-me lembrar uma situação que infelizmente vivi na pele.
Há uns três anos mais coisa menos coisa entraram três fiscais da ASAE pelo restaurante que eu tinha na altura aberto. Por volta das quatro e meia da tarde quando estavamos precisamente a terminar de servir os almoços. Num dia em que foram servidos uns setenta almoços.
Imaginam o estado de uma cozinha depois de servidos 70 almoços? Não é um bom estado, garanto. É a hora em que se começa a limpeza da dita cozinha depois de três ou quatro horas de trabalho a sério, em que o tempo é contado ao minuto, ao segundo e em que um salpico de gordura no fogão, ou uma batata frita que cai para o chão fica aí até que a disponibilidade permita dar atenção a esses pormenores.
Pois os senhores da ASAE consideraram inadmissível o estado da cozinha. Vestígios de gordura no fogão e bancadas e de comida no chão era uma das expressões usadas. Quando me tentei defender responderam-me que enquanto se cozinha se vai logo limpando. Ah pois vai. Mas é em nossa casa quando fazemos o jantar da família. Não quando estamos a tentar alimentar setenta pessoas.
Passaram para a câmara frigorifica e descobriram uns quatro cabritos que tinham sido comprados três dias antes no supermercado, frescos e que tinham sido congelados quando chegámos à conclusão de que não valia a pena serem cozinhados para o almoço de domingo de Páscoa, por falta de clientes nesse dia. Estavam congelados há três dias. "Depois de análise macro... foram encontrados vestígios de desidratação por causa do gelo". Descobri da maneira mais dolorosa que não se podem congelar alimentos nos restaurantes a não ser que se disponha de um túnel de congelação rápida. O que também quer dizer que o que fazemos em nossas casas, ir ao talho, congelar a carne e depois comê-la é completamente errado, mas pronto... Já sobrevivemos tantos anos assim.
Só para esclarecer a análise macro qualquer coisa, é literalmente a veterinária olhar para a carne a olho nú. Não pensem que envolve um intricado processo laboratorial...
Prontifiquei-me a entregar essa carne para uma instituição de solidariedade ou pelo menos para o canil municipal, ou pelo menos para minha casa. Estava ótima para comer, tenho a certeza absoluta.
Ambas as soluções foram recusadas. A carne estava imprópria para consumo, humano ou animal.
Dias depois fui de carro, com a carne no porta-bagagens até uma empresa que destrói este tipo de alimentos, escoltada pelas duas senhoras da ASAE, como se fosse uma criminosa. Chegada lá fui pesada juntamente com a carrinha e a carne e depois só eu e a carrinha, para avaliar o peso do crime. Sim, porque tirar o saco da carne do carro e colocar numa balança é um processo demasiado simples para aquela gente.
Paguei, sim paguei mais de cem euros para destruirem comida em bom estado (com tanta gente a passar fome), e mandaram-me embora com um documento que comprovava que a prova do crime tinha sido destruída.
Se eu vi destruir a prova do crime? Não, não vi.
As senhoras da ASAE ficaram lá, supostamente a presenciar a destruição.
Parei o meu carro numa aldeiazinha no caminho e fiquei a aguardar a passagem do carro das inspectoras da ASAE. Esperei mais de 20 minutos e nada.
Querem saber o que eu acho?
Que entre as duas e o homem da destruidora dividiram os benditos cabritos, os levaram para casa e os comeram. Que era o que eu teria feito se me tivessem deixado.
Portanto, os meus cabritos não eram bons nem para os cães, mas a carne de cavalo já pode ir para solidariedade.
Neste processo todo só tenho pena de uma coisa. Uma noite em que estava no carro com o meu marido e as minhas filhas passamos por uma das duas inspectoras, uam criatura com 1,50m de altura num local bem escuro e perto de contentores de lixo. Ainda sugeri ao meu marido que a atropelasse e me ajudasse a metê-la num dos contentores, mas ele que tem a mania que é civilizado não quis. Se eu fosse sozinha não garanto nada. Não, não sou violenta. Sou refilona, mas neste caso...
Epá tinha-me dado cá um gozo...
É que pela minha análise macro... qualquer coisa ela não é própria nem para o convívio humano, quanto mais para consumo...
Na Mauritânia existem campos de engorda para mulheres. Não estou a brincar, existem mesmo. Existem quintas para onde os pais enviam as filhas, com 5 anos para serem literalmente engordadas. Por volta dos 12 anos elas pdoem atingir, se forem bem sucedidas 80 quilos, o que lhes garante, segundo a crença dos pais um lugar maior no coração dos futuros maridos.
E eu pergunto: Como é que é possível? Estamos no século XXI e ainda existe mutilação genital feminina, campos de engorda para mulheres, pés ligados para não crescerem no Japão, casamentos combinados, tráfico sexual de menores, escravatura sexual...
Até quando é que os cérebros iluminados do mundo se vão continuar a concentrar em futilidades e deixar de lado questões que põem em completo risco a integridade, dignidade e direito à escolha dos seres humanos.
Um dos livros que mais me impressionou na minha vida foi "O Silêncio das Lágrimas", escrito na primeira pessoa por Fauziya Kassindja, uma mulher que foi ela própria vítima de mutilação genital feminina.
é terrível pensar que uma criança pode sentir a dor de lhe ser cortado o único orgão feminino inteiramente dedicado ao prazer para a privar desse privilégio. É horrível pensar que existam seres humanos que pegam numa criança, a submetem a um processo destes, muitas vezes pondo em risco a sua vida, privando-a do mais elementar direito de qualquer ser humano, o de poder dispôr do seu corpo.
Depois de "O Silêncio das Lágrimas" li muitos outros livros com relatos verídicos sobre o mesmo assunto, li bastante sobre os pezinhos enfaixados, li muito sobre escravatura sexual infantil e adulta, sobre tráfico de carne branca. Tenho lido muito. Na hora de comprar e escolher, prefiro livros com relatos reais, mesmo que nús e crús, que me deixem aflita, a chorar, desesperada por pensar que existam ainda no século XXI seres humanos capazes de tais crueldades.
A história das quintas de engorda apanhou-me de surpresa. Não fazia ideia da sua existência e fiquei aterrorizada. Engordar pessoas propositadamente para lhes conseguir um lugar maior no coração de futuros maridos? Será possível que as pessoas consigam acreditar neste tipo de fábula? O que se passará na cabeça destas crianças? Obrigadas a ingerir 16 mil calorias por dia, numa dieta que inclui dois quilos de milhete, duas canecas de manteiga e 20 litros de leite de camelo, ainda são torturadas se não quiserem comer ou se vomitarem.
Temos mesmo de parar para pensar se será de facto digno da nossa parte continuarmos a lamentar a nossa sorte por termos dois ou três quilos a mais...
“E pronto, não é preciso esperar mais, está escolhido o terror da noite. Esta pequena, de seu nome Sofia Alves (podia perfeitamente ser a nossa Sofia Alves, que também é uma bimbalhona do pior), teve um surto de febre e, em delírio decidiu apresentar-se assim na passadeira vermelha. Collant opaco, saia da Pimkie, uma camisola básica da H&M e o gorro do irmão mais velho que assalta carros à noite. Estou de boca aberta”.
Foi assim, desta forma elegante (leia-se em tom irónico), que a Ana Garcia Martins comentou a roupa da menina que a Make a Wish levou à Academia de Hollywood para assistir aos Óscares.
Para além do evidente mau gosto na forma como o comentário está escrito, existe a questão humana, de que a blogger obviamente não tinha conhecimento. Portanto vamos deixar aqui a questão humana de lado, porque não acredito que sabendo da doença da Sofia, alguém fizesse um comentário destes.
Posto isto: Estas bloggers, pseudo especialistas em moda também me começam a irritar um bocadinho. E esta não e forma de escrever um comentário sobre o visual de alguém e não me parece que ela devesse ter metido o nome da atriz ao barulho, ofendendo-a e muito menos partisse do pressuposto que a jovem em questão tem um irmão que é assaltante de carros.
É feio, é de mau gosto e revela a futilidade da pessoa em questão. Mas também revela uma grande má formação e uma gigantesca troca de prioridades.
E estou a dizer isto porque entretanto fui ao blogue da senhora em questão e é de facto um poço de futilidade.
Atenção, eu também gosto de roupa, de sapatos e etc, e até defendi a Pepa por causa da história da Chanel, mas daí a avaliar a pessoas desta forma mesquinha e deselegante vai uma senhora distância.
Primeiro porque nem toda a gente tem dinheiro para se vestir assim ou assado. Segundo porque, e que me desculpe a senhora blogger, a moda e o conceito de estilo são muito abrangentes. Eu, por exemplo, acho que a A Pipoca Mais Doce se veste o pior possível. Lá porque se acha entendida em moda, não quer dizer que toda a gente concorde consigo minha querida.
E depois realmente ter de ofender uma das nossas atrizes mais queridas e talentosas é feio. Muito feio. A não ser que tenha alguma pendenga com a Sofia, mas se for o caso, devia resolvê-la em privado.
E já agora deixe-me que lhe diga, para responder ao evidente desprezo com que comentou as marcas mais económicas, que a Helen Hunt foi aos Óscares vestida pela H&M e que eu, na minha modesta opinião, acho que ela estava elegantíssima. Nada a dever aos Valentinos, Versaces, Diors e outros afins.
Cada um, minha querida pipoca (acho que nunca mais vou degustar uma pipoca com o mesmo prazer), veste-se de acordo com o seu gosto pessoal, mas muito especialmente de acordo com a sua carteira. Sabe, querida, ito da haute couture não é para quem quer, é para quem pode.
Fico sempre espantada com a santa falta de jeito que esta gente famosatem para se vestir para estas coisas. É que se lhes faltasse o dinheiro, ou lojas a quererem vesti-las...
Mas não. Têm sempre as coisas ao dispôr mas depois parece que ninguém sabe escolher os modelos que lhes valorizam a silhueta.
Ora bem...
O vestido da Sofia Grilo que até poderia não ser feio tem dois contras. Está curto e sujo. Devia arrastar no chão ou então ser abaixo do joelho. Assim não e carne nem peixe... E não se percebe como é que uma pessoa vai para uma gala completamente cheia de nódoas. Por favor! Parece que pôs creme no corpo e se esqueceu de lavar as mãos. Terrível.
Não gosto de nada. Da cor, do modelo, do excesso de silicone. Iva, querida já não tem vinte anos e esse penteado também não era o melhor. E para cumulo na passadeira vermelha usou um casaco de pelo em rosa, ou lá o que era por cima, o que só piorou a situação.
O que é isto? Esta mulher não tem noção nenhuma de estética? Está tudo tão, mas tão errado que nem tenho palavras.
Leonor, Leonor. A menina é tão gira, tem boa figura e depois aparece com as maminhas na cintura metida dentro de uma coisa que nem sei bem o que era...
Até nem desgostei do vestido da Isabel Medina. Mas precisa urgentemente de fazer uma visita ao doutor Chams. A sua cara não combina com a sua figura que é excelente para a sua idade.
Seguramente o pior de todos os maus looks da noite. O vestido é feio, não é o tamanho dela, enfim, está tudo muito errado. E já agora o namorado também estava igualmente horroroso. O rapazinho parece que pensa que andar com o peito à mostra e com um cordão ao bolso é fashion. Querido, não é. Um personal stylist não é assim tão caro e vocês os dois beneficiariam imenso.
Completamente inapropriado para uma gala e na verdadeseja lá para que situação for. Que falta de gosto.
Muito piroso. Mas mesmo muito.
Nao sei o que passou pela cabeça da Maria João Bastos, mas isto nem parece dela.
Sem palavras.
E pronto.
Gostei da Fernanda Serrano, da Fátima Lopes e de mais umas quantas.
Ainda faltam sete dias para o Dia dos Namorados e já estou fartinha da data.
Nada contra os namorados no geral ou contra o amor em particular. Mas francamente esta sobrecarga psicológica e comercial de sugestões, promoções, refeições, estadias e outras coisas que tais alusivas à data já me começa a mexer com o sistema nervoso.
Há alguma necessidade de me sobrecarregarem o meu mail com tanto correio alusivo ao Dia dos Namorados?
Alguma necessidade de as lojas todas terem as montras cheias de corações até à exaustão?
Que enjoo.
A sério. Quando uma pessoa está apaixonada, que eu saiba, não precisa de um dia específico no calendário para celebrar, certo?
"O imperadorCláudio II, durante seu governo , proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Cláudio acreditava que os jovens, se não tivessem família, alistar-se-iam com maior facilidade. No entanto, um bisporomano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentim e as cerimónias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega, Astérias, filha do carcereiro, a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Os dois acabaram apaixonando-se e, milagrosamente, a jovem recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentim”, expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270.
Entretanto, desde 1969 sua data não é mais celebrada oficialmente pela Igreja Católica em função da precariedade de comprovações históricas que levam em questão até mesmo a sua existência."
Isto é o que a wikipédia diz sobre o tal de são valentim.
E pergunto eu, se existem dúvidas sobre a sua existência, como aliás sobre a existência dos seus colegas santos, porque raio de carga de água é que se há-de celebrar o amor neste dia?
Não me apetece e pronto.
Irritam-me estas datas inventadas pelos americanos, importadas pelos portugueses, que não contentes com as suas desgraças ainda importam as alheias e por isso acho francmaente que não passa de um pretexto para se gastar dinheiro.
Senão veja-se:
Começa-se a planear o dia, geralmente a noite, pois de dia as pessoas trabalham.
Portanto ou se reserva mesa num restaurante, cheios até à porta e que geralmente não servem lá muito bem nestes dias. Porquê? Ora, porque os cozinheiros, ajudantes, empregados, etc., também têm namoradas, namorados, maridos, mulheres, amantes... E portanto estão a trabalhar contrariados porque queriam estar eles próprios num qualquer restaurante a ser servidos de má vontade por outros que... Já perceberam, certo? É um ciclo vicioso.
A alternativa? Fazer um romântico jantar em casa.
Problema 1, o que raio é que se cozinha para um jantar romântico? Sim, porque não é nada romântico comer coisas como entrecosto, queixadas de porco, feijoada,sei lá, essas coisas. E o esparguete, francamente também só é romântico na "Dama e o Vagabundo". Na vida real sugar o esparguete não tem nada de sexy.
Portanto há que perder um serão a pesquisar na net, nos livros de culinária, etc, o menú perfeito para uma no ite especial. E lá se vai a boa disposição na hora de deitar e encostar. A pessoa está irritada porque nada lhe parece suficientemente romântico, afrodisiaco, etc, para a noite do dia dos namorados.
Problema 2, a falta de tempo, claro. As pessoas trabalham e quando chegam a casa já em cima da hora não têm tempo para grandes produções culinárias. Solução: Começar a preparação de véspera. Lá se vai mais uma noite que podia ser de sexo escaldante perdida a preparar um jantar para um dia especial.
Problema 3: Há que chegar a casa, finalizar o jantar, pôr a mesa, tomar banho, vestir uma lingerie sexy e provocante, uma roupinha a combinar e estar linda e maravilhosa, ou lindo e maravilhoso, para quando chegar o objeto da nossa paixão. E não esquecer de acender as velas. Que jantar romântico sem velas não existe. Se bem que como qualquer ser humano normal e mesmo que se bebam uns quantos red bulls pelo meio já estamos um bocadinho cansados.
Problema 4: mantermo-nos acordados até ao fim do jantar e ter depois a vontade de uma escaldante noite de sexo, depois de duas noites perdidas na preparação da noite mais romântica do ano.
Solução? Simples. De vez em quando temos folgas, temos sábados e convenhamos, continuamos apaixonados, certo? Não é dia dos namorados? E então? Isso é só uma datazinha no calendário.
Mas é um dia em que temos tempo, disposição, nos lembramos muito bem de qual é a comida preferida do nosso namorado, namorada, marido, mulher, amante... é um dia em que podemos cozinhar mais cedo, tomar banho demorado, pôr todos os cremes a que temos direito, perfume, maquilhagem, ou não dependendo dos casos, passar na sex shop e comprar uma surpresa e depois de um jantar sem pressões ter uma bela e escaldante noite de sexo.
Porque no fundo, é a isto que tudo se resume, não é verdade?
Os presentes, as flores, os chocolates, os corações, a lingerie, a comida, é tudo para chegar aos finalmentes, ou seja - cama.
Portanto, deixem-se de coisas e sejam mas é felizes, apaixonados e espontâneos todos os dias e não com data marcada.
Esta conversa toda à volta do Dr. Franquelim Alves já me começa a irritar.
Não gosto nada de me meter em politiquices. Especialmente porque não percebo mesmo nadinha de política e, muito francamente, nem quero perceber.
Mas como me irrito sempre que dizem mal de pessoas de quem eu gosto, ou conheço, ou tenho boa impressão e não consigo ficar calada...
Eu conheci o Dr. Franquelim na Lusomundo, ainda na altura da transição do coronel Luís Silva para a Portugal Telecom. O dr. Franquelim era administrador, penso que da Lusomundo Media, e eu era secretária de administração. Não era secretária dele, mas sim do presidente do conselho de administração.
Mas conheci-o e tenho uma excelente impressão dele. É muito bem educado, bem formado, que é uma coisa que nem todos podem dizer.
E uma das coisas de que me lembro nele é que não olhava ninguém por cima do ombro. O que na posição em que ele estava nem sempre acontece.
O dr. Franquelim era sempre simpático, cordial e tratava as pessoas por igual. E isso diz muito sobre as pessoas.
Pode não dizer tudo, mas diz muito.
Quem já lidou com estas coisas sabe do que eu falo.
É muito frequente as pessoas quando são mal formadas e se encontram em cargos superiores terem o hábito de também se acharem superiores e no caso dele num dei por nada.
Encontrei-o no Algarve, durante umas férias de verão, com as respectivas famílias, e embora estivessemos fora do local onde ele de facto me conhecia, foi igualmente cordial, simpático e bem educado.
Em relação ao trabalho dele nunca ouvi nenhum comentário depreciativo e pelo contrário, ouvi várias vezes elogiarem a sua capacidade e agilidade negocial. Se ele não fosse bom o coronel não o tinha levado para trabalhar com ele. O coronel é uma pessoa muito inteligente.
Por isso irrita-me que só porque ele trabalhou num sítio com problemas o taxem exatamente da mesma forma que todos os outros. Irrita-me e pronto.
Esta mania que os portugueses têm de falar mal de pessoas que nunca viram, não conhecem e de quem sabem muito pouco, só porque ouviram dizer, ou leram ou ouvem os outros também dizer, irita-me e muito.
Parem lá com isso.
Deixem lá o homem mostrar o que vale no governo. E se ele não fizer um bom trabalho, então deem-lhe na cabeça. Mas so ness altura. Antes não. Tenham dó.
E pronto, foi assim que comecei o meu dia. Saí à rua, como habitualmente faço todas as manhãs, e quando ia muito descansada, passou um senhor por mim e sai-se com esta.
Não me perguntem como era o senhor, que na verdade nem o vi, mas achei piada ao piropo.
sim porque há piropos e... piropos. E este não ofendeu, não foi ordinário, não me fez apetecer dar um estalo na criatura.
Mas fez-me sorrir. E começar o dia com um sorriso é sempre bom.
Eu sempre fui daquelas que não se calam perante as bocas que nos mandam na rua. E, modéstia à parte, ouvi muitas.
Não sou nenhuma Cláudia Schiffer, nem nenhuma Miranda Kerr, pelo contrário, sou pequenina.
Mas sempre fui muito cheia de atitude e com um estilo de vestir muito chamativo. Agora estou mais discreta, a idade já não é a mesma, mas continuo a parecer mais nova, mas isso agora não interessa nada...
Sempre que na rua me atiravam bocas pindéricas, eu era rapariguinha para responder à letra, e deixei muita criatura sem resposta.
Contando com hoje, lembro-me de ter achado piada para aí a dois ou três piropos.
O primeiro foi um velhote que estava sentado numa lateral da parede do Banco do Brasil no Marquês de Pombal, em Lisboa, em conversa com outros velhotes e que quando eu passei, se vira:
- Quando eu era novo e não tinha dentes, não andavam vocês assim na rua...
Assim, era um vestido florido e ligeiramente transparente que eu tinha comprado numa viagem a Itália.
Eu tinha para aí uns 30, 31 anos e tive mesmo de me rir. Os outros velhotes também se riram e assobiaram-me em coro.
Podia ter sido ofensivo, mas não foi. Foi só muito giro. A partir daí sempre que eu lá passava eles assobiavam-me e diziam-me bom dia. E nunca me senti ofendida. Era assim uma espécie de private joke.
E hoje voltei a sorrir. E não tenho qualquer pudor em o admitir.
Acho que é verdade que existem muitos piropos ofensivos, ordinários e que dá muita vontade de partir para a violência. Mas não acredito que sejam todos assim. E mais, acredito que as mulheres, no geral, até gostam de ouvir um piropo atrevido, mas giro, sem ser ofensivo. Faz-nos bem e levanta a moral.
E quando se está perigosamente perto dos 47 anos, se tem duas filhas maiores do que nós, é interessante perceber que ainda fazemos voltar cabeças na rua.
Mulher honrada não tem ouvidos?
Que eu saiba todas as mulheres têm ouvidos e todas as mulheres gostam de saber que estão bem.
O meu marido diz-me muitas vezes que estou bonita. Mas é sempre interessante saber que o resto do mercado acha o mesmo.
Estou a brincar, claro. Mas achei piada ao senhor, seja lá ele quem for. Arrancou-me um sorriso.