Eu e o IVA
Eu tenho de facto alguma dificuldade (muita) em entender algumas coisas com que me vou deparando no meu dia a dia.
Para além de ter dificuldade em perceber porque é que as pessoas insistem em estacionar frente ao portão da minha garagem ou quase dentro do átrio do meu prédio, tenho um grande problema com as taxas de IVA. Pronto, é com os impostos no geral, mas com as várias taxas de IVA em particular.
Hoje estava a organizar algumas faturas que tinha na minha carteira e fiquei a olhar para uma coisa que já sabia, mas que hoje me fez especial confusão.
Duas faturas com o mesmo valor, 8,85€, uma com taxa de 6% de IVA e a outra com taxa de 23%.
A primeira é de uma tabacaria e entre jornais e revistas paguei 8,85€ (não façam essa cara, é trabalho), dos quais 0,50€ são IVA, que para este tipo de artigo é de 6%. Até aqui nem tenho nada contra.
Mas logo a seguir peguei na fatura da Churrasqueira Alvorada (é lindo, não é?), e deparei-me com o mesmo valor de 8,85€, resultado de um frango assado com batatas fritas (eu sei, eu sei, mas depois de limar uma casa com CINCO casas de banho a pessoa, que sou eu, merece) e desse valor 1,66€ corresponde ao IVA, que para a comida é de 23%.
Chocante, não é?
Quer dizer, eu posso viver sem comprar jornais e revistas, mas dificilmente (tom irónico) consigo viver sem comer. E parece-me a mim, mas isto sou eu a pôr-me a adivinhar, que não serei a única. Afinal todos precisamos de comer para viver.
Existe algo de profundamente errado com a estrutura de um país onde os bens essenciais como a comida são taxados a uma taxa de 23% de imposto e o secundário como revistas e jornais a 6%.
Alguma coisa não está bem na cabeça de quem decide estas coisas, mas isto já eu suspeitava há muito tempo.
Será que quem decide pensa que é mais importante comprar a revistinha de fofoca, atualidade, desporto, o que for do que um franguinho de churrasco? Ou qualquer outra comidinha que alimente o corpo e não o espírito?
Não me interpretem mal, eu gosto muito de alimentar o espírito. As revistas e os jornais confesso que é mais por uma questão profissional, mas sou consumidora compulsiva de livros (Bertrand... suspiro), mas daí até achar que preciso mais deles do que de comida, vai uma grande distância.
Pronto, está bem. Seriam a última coisa que eu consideraria vender em caso de emergência financeira e a primeira que me apetece comprar, mais ou menos a par com acessórios de cozinha, mas até eu acho que são coisas não fundamentais para a sobrevivência do ser humano.
Já a comida, senhores!!!
Posto isto, volto a reforçar a minha teoria de que alguma coisa não vai bem nas cabecinhas pensantes deste país. E teimosinha como sou, nem vale a pena me tentarem convencer do contrário.