A minha familia hoje ficou mais pequena. Perdemos um dos nossos membros mais
queridos.
O Trovão, o nosso Serra da Estrela despediu-se hoje de uma vida longa para um cão, mas pequena para o carinho que todos tínhamos por ele.
O Trovão era quase cachorro quando eu o conheci. Enorme, como convém a um Serra da Estrela, foi sempre muito delicado e teve sempre um cuidado especial no contacto com a minha filha mais nova. Ela sabia que era mais pequenina, mais frágil.
Por isso, sempre que a pequena se aproximava dele, deitava-se e abanava o rabo à espera de festas. E punha a sua pata com muito cuidado na mãozinha dela. A pata dele era maior que a mão da minha filha e ela sempre adorou aquele momento dos
dois.
Quando eu saía de casa mais cedo que todos, o Trovão dizia-me sempre bom dia. Em linguagem de cão, claro, mas dizia.
Teve uma vida longa e sofrida. Tinha uma otite quase crónica. Lembro-me de um Inverno em que tomou imenso antibiótico, o que era sempre uma "tourada".
Eu chegava com o comprimido muito bem "disfarçado" no meio de fiambre, carne ou qualquer outro petisco e estendia-lhe a mão.
Um cão muito esperto, é o que vos digo - apanhava o petisco, cuspia o comprimido e comia o resto.
Eu punha a minha cara de mãe mais séria e ralhava-lhe:
- Trovão! Sabes que estás doente. Tens que tomar o comprimido. Ai o menino...
Ele olhava para mim, com uns enormes olhos castanhos e tenho a certeza que a maior parte das vezes se estava a rir do meu desespero. Eu pegava no comprimido, punha na palma da mão e voltava a estendê-lo.
Acreditem ou não, ele comia-o.
Comia mesmo.
Tenho a certeza que ele sabia que precisava daquilo para ficar melhor e por isso
rendia-se. Mas primeiro gostava de gozar comigo. E eu deixava.
Vou ter muitas saudades tuas Trovão. Vais fazer muita falta na nossa vida.
Agora que podes finalmente descansar em paz, acredita que ninguém jamais te vai
esquecer.
Adeus Trovão.
queridos.
O Trovão, o nosso Serra da Estrela despediu-se hoje de uma vida longa para um cão, mas pequena para o carinho que todos tínhamos por ele.
O Trovão era quase cachorro quando eu o conheci. Enorme, como convém a um Serra da Estrela, foi sempre muito delicado e teve sempre um cuidado especial no contacto com a minha filha mais nova. Ela sabia que era mais pequenina, mais frágil.
Por isso, sempre que a pequena se aproximava dele, deitava-se e abanava o rabo à espera de festas. E punha a sua pata com muito cuidado na mãozinha dela. A pata dele era maior que a mão da minha filha e ela sempre adorou aquele momento dos
dois.
Quando eu saía de casa mais cedo que todos, o Trovão dizia-me sempre bom dia. Em linguagem de cão, claro, mas dizia.
Teve uma vida longa e sofrida. Tinha uma otite quase crónica. Lembro-me de um Inverno em que tomou imenso antibiótico, o que era sempre uma "tourada".
Eu chegava com o comprimido muito bem "disfarçado" no meio de fiambre, carne ou qualquer outro petisco e estendia-lhe a mão.
Um cão muito esperto, é o que vos digo - apanhava o petisco, cuspia o comprimido e comia o resto.
Eu punha a minha cara de mãe mais séria e ralhava-lhe:
- Trovão! Sabes que estás doente. Tens que tomar o comprimido. Ai o menino...
Ele olhava para mim, com uns enormes olhos castanhos e tenho a certeza que a maior parte das vezes se estava a rir do meu desespero. Eu pegava no comprimido, punha na palma da mão e voltava a estendê-lo.
Acreditem ou não, ele comia-o.
Comia mesmo.
Tenho a certeza que ele sabia que precisava daquilo para ficar melhor e por isso
rendia-se. Mas primeiro gostava de gozar comigo. E eu deixava.
Vou ter muitas saudades tuas Trovão. Vais fazer muita falta na nossa vida.
Agora que podes finalmente descansar em paz, acredita que ninguém jamais te vai
esquecer.
Adeus Trovão.