Agarrem-me que eu vou-me a ele!
Este senhor de seu nome Vítor Louçã Rabaça Gaspar tem o condão de me deixar com os nervos em franja e uma vontade quase incontrolável de o abanar de forma violenta, muito violenta, de preferência até lhe cairem os dentes, isto supondo que ele os tenha, que até hoje ninguém lhos viu!
O homem é tão irritante com aquele tom monocórdico, ou como dizia a minha filha quando ainda não dominava bem o vocabulário, monocromático.
É que já não chega nunca ter rigorosamente nada de bom para dizer que ainda por cima tem de o dizer da frma mais enjoativa possível.
O tom de voz absolutamente monótono parece-me estratégia. É possível que ele pense que se falar de forma pausada e coloquial as pessoas acabem por adormecer e não liguem ao que ele vai debitando nos nossos rapados orçamentos.
Começo a achar que o povo devia fazer uma vaquinha para lhe oferecer um pacotinho de chá de ginseng, para substituir o de camomila que ele habitualmente toma.
Ou então, e esta teoria é mais mazinha, mas nem por isso menos realista: eu acho que ele foi capado em pequenino.
Estão a ver, capado, como se faz aos porcos e aos gatos para não procriarem?
E depois os animais ficam mansos e tranquilos e não incomodam ninguém nas fases do cio... Que não é o caso dele, claro, que incomoda e não é pouco!
Oh senhor Vítor Louçã Rabaça Gaspar (tem um nome lindo não haja dúvida) nunca lhe ensinaram em pequenino que é muito feio gozar com as pessoas no geral e com as menos favorecidas do que nós em particular?
Está ainda em muito boa idade para aprender e aproveite e aprenda também a fazer continhas, que também já lhe dava jeito.
Então diga-me lá: É ou não verdade que as receitas fiscais diminuiram desde que começaram as medidas de austeridade impostas por si a mando da troika?
É ou não verdade que o desemprego continua a aumentar em flecha e que as falências da sempresas e das pessoas particulares aumentaram e não foi pouco?
É ou não verdade que as contas do orçamento e o défice não têm cura e estão irremediavelmente em derrapagem? Está a ver, tipo carro com pneus carecas em dia de chuva!?
Então explique-me lá, como se eu fosse uma criança de cinco anos, porque é que continua a insistir no erro?
Quando o nosso carro derrapa por causa dos pneus vamos a correr mudá-los, não é verdade? Então se o senhor já percebeu que a sua formula mágica não está resultar porque é que não muda de feitiço?
Tire lá a tampinha do seu caldeirão e saque de lá outro tipo de fórmula que definitivamente assim não vmaos a lado nenhum.
E o pior é que se até há pouco tempo ainda tínhamos esperança de sermos comprados por Espanha, agora essa já foi. Os espanhóis estão tão de tanga como nós, com a diferença que a crise deles há-de ser muito mais cheia de salero que a nossa.
As nossas hipóteses agora seriam os angolanos, que duvido que ainda nos queiram ou os chineses que não são pessoas de fazer maus negócios, portanto...
Estamos encalhados nesta ponta da Europa e por isso temos que começar a pensar na nossa vidinha.
Pense que a continuar assim daqui a uns anos não vai ter contribuintes para esmifrar, porque já morremos todos ou de fome ou de puro tédio de ouvir as suas sempre tão animadas declarações.
Vamos chegar a um limite em que não vale a pena ir trabalhar porque o que se ganha não justifica o levantar da cama, gastar água com o banho, ter roupa de trabalho, comprar o passe e etc.
Por este andar o melhor é deitarmo-nos e esperar que a morte por fome não seja demasiado dolorosa.
Levante os olhos dos papéis que tem à frente e olhe as pessoas quando falar com elas, é o mínimo que a boa educação exige.
Ah e tire as palas que tem de lado e que só o deixam ver a troika e Angela Merkel e olhe à sua volta.
Olhe com olhos de ver e ouça com ouvidos de ouvir e sinta, se ainda for capaz o ódio que está a criar nas pessoas, o desalento de quem quer trabalhar e não pode, de quem quer alimentar os filhos e não tem que lhes dar.
Pense que até o Salazar nivelou o preço do pão e do leite por serem alimentos básicos e que ele, com todos os defeitos do regime construiu escolas primárias que neste momento estão a fechar porque não há crianças para as frequentar, porque hoje em dia ter filhos é um luxo. Ai esqueça esta parte que acho que existe um imposto sobre artigos de luxo e ainda nos começa a cobrar x por filho.
Não seja como os burros da minha terra e tome consciência do Portugal à sua volta.
Se for um ser humano e não um andróide, como eu desconfio que seja, vai ficar horrorizado.
Negoceie lá com a alemã e com os troikas um aumento do prazo ou seja lá o que for e faça as coisas com calma.
Nós todos sabemos que a porcaria da dívida existe e que quem as tem tem de as pagar, mas negoceie um alargamento do prazo de pagamento do crédito. Se é assim tão bom há-de conseguir.
Permita-me só mais um conselho: tenha aulas de dicção e já agora umas de expressão corporal também não lhe faziam mal.
Sempre lhe dava alguma energia que bem precisa.
No fim de tudo isto tenho mesmo pena de si.
Está a estranhar?
Não estranhe, tenho sempre pena das pessoas desfavorecidas e o senhor é muito desfavorecido. Nasceu com pouco cérebro, sem coração e sem bom senso.